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26/04/2010

Sem pretensões, apenas percepções (2)

As contradições nos acompanham por toda a nossa existência, tentar evitá-las na busca pela coerência é louvável, porém, pouco eficaz na maior parte dos casos, principalmente se não estamos atentos.
Certa vez li que: "A contradição é a marca indelével que nos torna humanos...". Talvez o sujeito que escreveu isso quisesse dizer que somos falíveis, portanto, nos contradizer ou fazer coisas aparentemente irracionais seria algo "normal".
Excedemos a velocidade permitida somente para testar a potência do veículo, chegamos à beira de um penhasco pela emoção, nos arriscamos sem pensar na fragilidade e preciosidade de nossas vidas.
Aceito a idéia de nossa imperfeição, principalmente quando me questiono se seria lógico um médico, que sabe dos riscos do cigarro fumar? Um policial, um juiz ou um promotor ter ligações com marginais? Seria 'aceitável' um fiscal de trânsito cometer infrações? Um professor não querer ensinar? Um pai ou uma mãe não cuidarem de seus filhos? Um condutor não parar em uma faixa de pedestres?
Não, lógico não é, mas acontece...
Gosto de pensar que nossos problemas no trânsito têm um pouco de suas raízes nessas contradições. Agora, isso não me torna, nem obriga a ninguém a se tornar resignado e impossibilitado de lutar por mudanças. Somos contraditórios, no entanto, somos também seres que podem aprender e melhorar, isso é ser Humano: Errar, aprender, melhorar, evoluir!
O sujeito que anda em seu carro por vezes esquece que não nasceu com rodas e que a forma mais básica de deslocamento é usar as pernas, joelhos e pés. As pessoas na cidade, inclusive aquelas que não possuem carros e motos, acreditam que um trânsito bom é aquele no qual os veículos 'fluem' constantemente pelas vias. A questão é: e os pedestres como fazem para atravessar as ruas se os veículos nunca pararem?
Queremos que os condutores irresponsáveis sejam presos e punidos, no entanto, quando saímos à noite queremos poder beber e voltar dirigindo nossos carros! Os exemplos são muitos e o choque entre o que desejamos e fazemos no cotidiano torna-se um exercício diário para tentar melhorarmos. A questão que se coloca é que no trânsito se pede coerência e isso é um problema, pois, somos essencialmente contraditórios.
As regras de circulação, as infrações o respeito ao outro nada mais são do que uma exigência de coerência por parte de cada pessoa.
Nesse sentido, vejo que a educação no trânsito junto com um eficaz sistema de fiscalização são os 'marcos de orientação' para um caminhar seguro (e coerente) no trânsito.
A contradição é que mesmo sabendo disso, ainda continuamos aceitando riscos desnecessários, sentando à beira do abismo a todo o momento.